Viagem de barco pelo Rio Amazonas – Santarém a Manaus

Fazer uma viagem de barco pelo Rio Amazonas foi uma experiência que “apareceu” de repente nos planos. Nós fizemos essa rota em um barco de linha já faz um bom tempo, em 2010, e rolou mais ou menos assim: estávamos indo visitar Alter do Chão, no Pará e quando eu estava comprando nossas passagens – com milhas aéreas, claro – me deu um estalo: porque não comprar a ida para Santarém e a volta de Manaus e fazer esse trajeto de barco? Eu já tinha ouvido falar dessas viagens pelo rio Amazonas e não pensei duas vezes, comprei!

Pensar em fazer uma viagem de barco pelo rio Amazonas gerou uma expectativa muito grande misturada com um pouco de apreensão, já que vez ou outra a gente ouve dizer que um barco desses naufragou e também não sabíamos como seria dormir em uma rede no barco, nem sabíamos ao certo como seria para comer, tomar banho, enfim … estávamos a mil e cheios de curiosidade quando chegou o grande dia, e sim foi uma grande viagem e uma grande experiência!

Rio Amazonas, Brasil
Navegando pelo rio Amazonas

Então eu vou contar aqui para vocês mais detalhes de como foi essa viagem de barco pelo rio Amazonas, quando ir para a região e outras coisinhas mais. Aliás, já aproveite e inscreva-se no nosso canal no YouTube que tem bastante coisa legal por lá. E então, bora?

Quando fazer uma viagem de barco pelo rio Amazonas

O período de chuva na região vai de meados dezembro até abril, quando as águas começam a subir e começa a estação de cheia do rio. Os meses com chuva mais intensa costumam ser os meses de março e abril.

Os meses de maio e junho são meses de transição, com diminuição do volume de chuvas. Depois, durante o decorrer do segundo semestre, vai acontecendo o período de seca, quando as águas do rio vão ficando mais baixas e a temperatura vai se elevando. Novo período de transição se inicia em meados de outubro e as chuvas podem começar a aparecer em novembro.

Nós fomos em novembro, não pegamos nenhum dia de chuva nem no Pará, nem no Amazonas, o que foi ótimo. E estamos falando de baixa temporada, o que deixa qualquer viagem melhor, mais em conta e com os lugares um pouco mais vazios.

Então minha dica é: busque um período intermediário ou vá na estação seca e de preferência fora da alta temporada – férias e feriados. Observe antes de ir os calendários locais para ver se não há alguma festa regional, o que pode dificultar inclusive a busca por estadia … agora se a sua intenção é curtir essa festa ou se você acha mais legal ainda conhecer os lugares nesses períodos para mergulhar mais na cultura local, vai fundo!

Atenção!

Gente, eu disse aí em cima para darem preferência ou aos meses de transição ou ao período de seca, mas eu disse isso unicamente pensando na viagem de barco pelo rio Amazonas, se você vai apenas se deslocar como nós fizemos ou visitar as praias amazônicas que aparecem durante esse período, como em Alter do Chão.

No entanto, se você vai fazer outros passeios pela região, se quer passear em barcos menores para explorar e navegar pelos igapós e igarapés, você vai precisar fazer isso na época da cheia do rio. A partir de maio/junho até julho é um bom período, pois as águas devem estar bem altas por causa das chuvas que caíram antes.

Rio Amazonas, Brasil
Época de seca e baixa do rio Amazonas

Agora um lembrete: nada disso é absoluto. Isso é o que acontece via de regra. Mas as chuvas por lá podem aparecer em qualquer época, já que estamos falando de uma das regiões mais chuvosas do mundo.

Onde comprar as passagens para uma viagem de barco pelo rio Amazonas

Nossas passagens nós compramos no dia de viajar ali mesmo na região do porto de Santarém – você pode e até acho que deveria comprar com um pouco de antecedência. O barco saiu na parte da manhã, não me lembro exatamente o horário, mas foi um pouco antes do almoço – sorte que tínhamos chegado de Alter do Chão cedinho, então deu super certo ou teríamos que dormir uma noite por lá para partir no dia seguinte. A viagem dura cerca de 42 horas, pois o barco está se deslocando no sentido contrário da corrente do rio. Se você estiver vindo de Manaus para Santarém, a viagem vai demorar umas 30 horas.

Locais de venda de passagem em Santarém

Quais os tipos de acomodação

Existem dois tipos de acomodação no barco: em redes nos deques do barco ou nos chamados camarotes, que são suítes com ar condicionado para até duas ou às vezes três pessoas. Adivinha onde escolhemos dormir? Nas redes, claro! A experiência não estaria completa se tivesse sido de outra forma.

Então como tínhamos a intenção de dormir na rede, já levamos as nossas de casa, apenas tivemos que comprar uma cordinha antes de embarcar porque os lugares para prender a rede são bem altos, então você precisa meio que de um “extensor”. Se você não levar sua rede, você consegue comprar uma lá facilmente e rede boa para levar para casa depois tranquilo!

Rio Amazonas, Brasil
Área das redes no barco

Como é dormir na rede no barco?

Nossas redes eram redes de acampamento, sabe aquelas fininhas, levinhas, que você dobra e cabem na palma da mão? Elas são ótimas, mas não para essa viagem! E só descobrimos isso quando anoiteceu e nós já no barco não tínhamos mais como comprar outras redes. Acontece que à noite a temperatura cai muito, afinal você está rodeado de água, a umidade relativa do ar é muito alta, então o ar fica bem geladinho à noite.

Some-se a isso que o barco está em movimento e o vento está fazendo sua parte também. Não tínhamos cobertores (pensamos: ahhh pra quê? um calorzão, nem precisa) mas precisa sim! A gente ficava olhando o povo todo quentinho, com aquelas redes grossas, com suas cobertinhas, e nós nos cobrindo com nosso lençol e colocando nossas toalhas de banho na rede para ver se barrava um pouco o frio e evitava esfriar demais nosso corpo. Resultado: sofremos valendo!

Mas mesmo com tudo isso, foi massa! Acabou que como não conseguimos dormir muito, ficamos andando pelo barco à noite e aproveitamos para observar a lua – que estava linda naquelas noites – e assistimos o dia nascendo – ansiosos pelo sol!

Rio Amazonas, Brasil
Esperando o sol sair

Alguns cuidados referentes aos camarotes!

Nós conhecemos um casal de espanhóis que dormiram no camarote, eles acharam legal, só reclamaram porque no barco em que estávamos viajando os camarotes ficavam bem perto do motor, então acabou que eles também não conseguiram dormir, mas por causa do barulho. Mas não é em todo o barco que isso acontece, tente perguntar na loja onde comprar a passagem qual a localização dos camarotes e escolha o seu longe dos motores e também do fundo do barco, que é onde rola a balada – já vou falar um pouquinho sobre isso.

Eu não me lembro o preço que pagamos, mas foi bem baratinho, de todo o jeito isso foi há mais de dez anos, então nem que eu me lembrasse ajudaria muita coisa … então dei uma checada na internet (em 2021) e achei valores parecidos com: 1. para dormir na rede: de R$ 150,00 a R$ 200,00; 2. No camarote/suíte (no mínimo duas pessoas ou se você estiver sozinho paga o preço de duas pessoas): de R$ 300,00 a R$ 400,00 por pessoa.

Rio Amazonas, Brasil
Ver o sol nascendo no rio é espetacular! “Ainda bem” que não conseguimos dormir direito …

Como funciona o banho e a comida em um passeio de barco pelo rio Amazonas

Se você estiver na suíte, o banho tá resolvido, né? Mas se não estiver, prepare-se! Nós estamos acostumados a acampar, portanto partilhar o banheiro e o banho com outras pessoas não nos incomoda nem um pouco, mas se você não está acostumado com isso ou se sente incomodado em pensar nessa opção, pode valer a pena gastar um dinheiro a mais para ficar na suíte – ou então fazer um cruzeiro mesmo, como o Iberostar Grand Amazon: agora esse é um outro tipo de viagem, outra história …

O banho

Voltemos ao nosso barco: a fila do banho era considerável em um determinado horário do dia: no final da tarde. Esse é o momento em que alguns já estão se ajeitando para dormir – como nós, por exemplo – e como à noite tem balada, quem vai curtir também está se arrumando nessa hora. Sim, tem balada e balada mesmo, com telão, música (muito tecnobrega, forró, sertanejo), o pessoal todo arrumado, enfim a noite no barco é muito animada! A balada não se estendeu até o amanhecer, mas foi até tarde da noite.

Um outro motivo para a fila do banho estar maior a esta hora do dia é para evitar ter que encarar um banho frio à noite, que ninguém merece. E, claro, os banhos precisam ser rápidos, já que tem bastante gente esperando.

Não se esqueça de levar seu chinelo!

A comida

Com relação à comida não tem muitas opções. Para o café da manhã tinha pão, alguns tipos de bolos, café e talvez outras coisas que não me lembro mais. Para o almoço e jantar eles serviam comida no estilo marmita, naquelas embalagens de alumínio. Você já comprava as refeições logo no início da viagem e escolhia os seus pratos. O que tinha disponível à época era em todos os pratos arroz, feijão, macarrão e a escolha ficava nos acompanhamentos: carne, frango ou peixe. Ou seja, o famoso PF. Como não comemos carne, pedimos apenas o arroz, o feijão e o macarrão.

Apesar de poder parecer que não, a comida era bem gostosa.

No restaurante do barco tem outras coisas que você pode comprar também: salgadinhos, bolachas, café, refrigerante, água, doces, sorvete, cerveja, dentre outros. O mais importante para nós, era que tinha cerveja! De todo o jeito, você também pode levar uns snacks e até a sua própria comida, se preferir.

E como é a viagem de barco pelo Rio Amazonas?

Linda! A paisagem é sempre deslumbrante, não tem um momento que não seja. O rio Amazonas é simplesmente o maior rio do mundo tanto em extensão como em volume de água e tem trechos dele em que você se sente como se estivesse no mar, de tão imenso que ele é!

Os barcos geralmente navegam próximos a uma das margens – exatamente porque se acontecer algum acidente, o barco não estará lá no meio do rio – daí que tem vezes que você simplesmente não consegue ver a outra margem tamanha a largura dele em alguns pontos. É muito incrível!

Rio Amazonas, Brasil
Rio Amazonas imenso!

Nós conseguimos ver os famosos botos cor-de-rosa durante nossa viagem de barco pelo Rio Amazonas? Sim! E foi lindooooo! Infelizmente, não rolou de fotografar, pois eles apareciam e desapareciam muito rápido, mas foi incrível.

Um Brasil pouco conhecido

O barco vai fazendo algumas paradas pelo caminho, quando algumas pessoas desembarcam e outras embarcam, então o barco não navega o tempo todo com a mesma quantidade de pessoas, umas horas estava mais vazio, outras mais cheio.

Uma das paradas que o barco fez foi na cidade de Parintins, uma cidade grande, com quase 120.000 habitantes, nas margens do rio Amazonas. Essa foto abaixo é de uma escola municipal um pouco mais afastada do porto da cidade. Observem que ela está sobre palafitas, já que nas épocas de cheia o rio sobe muito.

Parintins, Rio Amazonas, Brasil
Escola Municipal em Parintins

Passar pelas comunidades ribeirinhas, ver os rostos das pessoas que habitam aqueles recantos do Brasil foi o que mais gostei da viagem. As pessoas que vimos eram tão lindas, com seus semblantes indígenas, cabelos escuros, olhos expressivos. Faz a gente pensar tanta coisa, inclusive como estamos distantes – e cada dia mais – de uma sociedade mais inclusiva e mais solidária.

Rio Amazonas, Brasil
Ribeirinhos em barco no rio Amazonas

O pôr do sol no Rio Amazonas

Assistir ao sol se pondo no rio é algo que não dá para explicar em palavras, simplesmente não dá. A intensidade das cores no céu, no rio e como a mata também vai mudando de cor, o verde se apresentando em diversas tonalidades até desaparecer na noite junto com as águas e ficar só a luz que o barco reflete na água e, naqueles dias, a luz da lua, enfim … é um deslumbre!

Rio Amazonas, Brasil
Um mar dourado em pleno rio Amazonas

A vontade que dá é de parar o tempo nessa hora, pedir para o sol ficar mais um pouquinho ali, mas a beleza talvez esteja exatamente no movimento, na passagem.

Ahhhh um outro detalhe que me lembrei agora: uma coisa que vai acontecer nessa hora mágica e que quanto mais o sol vai descendo mais isso se acentua e que não é tão mágico assim é que mosquitos e pequenos bichos voadores de todo o tipo vão começar a aparecer!

Mas eu estou falando de muitos insetos, muitos mesmo – tínhamos que prestar atenção e tomar cuidado na hora de falar alguma coisa nessa hora porque se não eles entravam boca adentro. Mas é normal né, já que a única luz que havia nos arredores eram as luzes do barco e sabemos como as luzes atraem muitos insetos, então o negócio é relaxar e fechar a boca. Daqui já puxo outra dica: não se esqueçam do repelente!

Rio Amazonas, Brasil
Sol se pondo no rio Amazonas

Últimas dicas e cuidados para fazer o passeio de barco pelo rio Amazonas

Vamos lá que nem tudo são flores … como falei lá no começo do post, não é muito incomum barcos afundarem no rio Amazonas. Os principais motivos para isso acontecer são falta de manutenção e superlotação dos barcos. Antes de partirmos, alguns fiscais vieram até o nosso barco para verificar alguns documentos que o capitão tinha que apresentar, dentre eles o que mostrava quantas pessoas estavam embarcadas. Agora se os documentos refletiam a verdade ou não, não tem como saber e muito menos sobre a manutenção do barco.

Rio Amazonas, Brasil
Barco na hora do desembarque em Manaus

Nós estávamos viajando em um barco de dois andares (tem alguns maiores de três andares) e ele não tinha carregamento de mercadorias. Eu gostei muito desses dois fatores: barco menor e menos carregado.

Um outro ponto que consideramos na hora de comprar as passagens para viajar nas redes foi exatamente estarmos sempre na parte externa do barco, nunca em um quarto sem ver o que se passava do lado de fora. Assim, estávamos sempre atentos e eu fiquei super aliviada de ver que o barco navegava próximo da margem quase o tempo todo.

Piratas?

Outra coisa: depois de uns tempos que fizemos a viagem começamos a ver relatos de barcos sendo saqueados por piratas. Os caras encostam um barco próximo, descem, roubam as pessoas e vão embora. Não sei se isso continua acontecendo. Na época em que fomos era possível que já acontecesse, mas não vi nada sobre o assunto à época. De todo o jeito, todo o cuidado é pouco. Se você estiver em uma rede pode ser difícil esconder suas coisas, já que o seu “armário” é o chão embaixo dela; já se estiver em um camarote, talvez seja mais fácil, mas não sei até que ponto isso pode ajudar …

Bem, mas não estou falando isso para assustar nem desencorajar ninguém de fazer a viagem, não, por favor! Só acho importante apontar isso para ajudar vocês a tomarem uma decisão mais consciente, cientes dos riscos envolvidos. Eu morro de vontade de refazer essa viagem, do mesmo jeitinho, ainda não rolou, mas uma hora rola!

Vacina contra febre amarela

Manaus e outros 61 municípios do interior do Amazonas integram a lista das cidades com recomendação para vacinação contra febre amarela, divulgada pelo Ministério da Saúde em 2019.  A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus transmitido por mosquitos vetores. Na forma grave, tem letalidade alta.

A vacina é a principal ferramenta de prevenção e controle da doença. Portanto, já sabe né? Vacina no braço! E detalhe importante: a vacina tem duração vitalícia, ou seja, você não precisa tomar novamente, se já tomou alguma vez. Caso ainda não tenha tomado, faça isso 10 dias antes da sua viagem para dar tempo de a vacina fazer efeito.

Pois bem, minha gente, eu acho que é basicamente isso. Qualquer dúvida, é só mandar nos comentários, ok?

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